Para as Nações Unidas, a pobreza
deve ser medida não apenas de acordo com a renda, mas com as privações
que os indivíduos enfrentam para ter qualidade de vida.
Por isso, desde o ano passado, o
relatório traz o chamado Índice de Pobreza Multidimensional (IPM). Por
ele, é classificado como pobre qualquer indivíduo privado de pelo menos
três de um total de dez indicadores considerados importantes para se
ter qualidade de vida: nutrição, baixa mortalidade infantil, anos de
escolaridade, crianças matriculadas em escolas, energia para cozinhar,
toalete, água, eletricidade, moradia digna e renda. E quanto maior o
número de indicadores, mais grave é a situação.
Por esses critérios, 1,7 bilhão de
pessoas em 109 países, ou um terço da população mundial, vivem em
situação de pobreza. O valor é ainda maior do que o grupo de 1,3 bilhão
de pessoas que vivem com US$ 1,25 ou menos por dia, que é a linha
internacional de pobreza. De acordo com o relatório, Níger é o país com
maior proporção de pessoas em pobreza multidimensional, com 92% da
população nessas condições.
No caso brasileiro, quando se
considera a proporção de pessoas em situação de pobreza grave (com
privação em pelo menos 5 dos 10 indicadores), 375 mil indivíduos são
afetados. No entanto, 13,2 milhões de pessoas se encontram numa
situação vulnerável, ou seja, sofrem até três privações.
No entanto, quando se considera a
população que vive com menos de US$ 1,25 por dia no país, o percentual é
bem maior: 3,8% ou 7,142 milhões de pessoas. Para o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud), esse quadro indica
que, mesmo não tendo renda, uma parte da população pobre tem acesso a
outros recursos como saúde ou educação.
Embora o Relatório de
Desenvolvimento Humano de 2010 apontasse que 8,5% da população
brasileira viviam em situação de pobreza, o indicador de 2,7% em 2011
não significa uma melhora brutal dos dados do país. Isso porque o que
afetou o IPM foi uma mudança na base de dados da pesquisa.
No ano passado, os números da área
de saúde eram de um relatório da Organização Mundial de Saúde de 2003.
Agora, os dados utilizados são os da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) relativos a 2006. Por isso, os números não são
comparáveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário