Cerca de 320 alunos do curso pré-universitário do Colégio Christus,
de Fortaleza, também tiveram acesso com antecedência a questões
idênticas às que caíram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste
ano. Os mesmos cadernos entregues aos alunos do 3.º ano do ensino médio
foram também oferecidos aos que realizam cursinhos, pelo mesmo
professor. Informado pelo Estado, o Ministério da Educação (MEC) disse
que mantém a decisão de cancelar a prova apenas dos 639 concluintes do
ensino médio.
Estudantes do cursinho confirmaram ter recebido o caderno com a mesma
antecedência que os outros. "Eu recebi os cadernos e fiz as questões.
Até minha irmã, que não estuda no Christus, mas também fez o Enem, viu
as questões em casa e resolveu comigo", disse a aluna do cursinho no
Christus Amanda Galdino Carneiro, de 20 anos. Segundo ela, foi o
professor de física Jahilton Motta quem entregou o caderno com os itens.
"Ele comentou para não nos impressionarmos se uma ou duas questões do
material caíssem no Enem."
Também estudante do cursinho, Robert Pouchain, de 20 anos, teve
acesso ao caderno. "Recebemos o material. Mas as questões do pré-teste
já estarem neste Enem mostra uma fragilidade do Inep", disse.
Os dois são alunos da unidade Christus Sul, no Alagadiço Novo, onde o
professor Jahilton deu aula ontem - o prédio fica distante da sede
localizada na Aldeota, onde o assédio da imprensa é maior e, segundo
funcionários, o professor não foi visto nesta semana. Os alunos contaram
que o professor começou a aula comentando o episódio. Ele, que dá aulas
há mais de 30 anos no colégio, teria dito que seu nome tem sido
"exposto" na imprensa e se defendeu dizendo que não teria feito nada de
errado.
Pelo relato dos alunos, Jahilton não deu detalhes de como as questões
do pré-teste (realizado na escola há um ano) foram parar nas mãos dele
e, depois, entregues aos alunos da escola. "Como ele é coordenador dos
professores, é sempre quem entrega esse tipo de material extra", diz
Amanda. Os dois alunos defendem o cancelamento total da prova - ou pelo
menos das questões iguais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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