quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Seca de 2010 na Amazônia foi a mais drástica já registrada, diz Inpe

A partir da análise de uma série histórica de dados de pluviosidade na região da Bacia Amazônica, com medições desde 1902, cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) concluíram que a seca de 2010 foi a mais drástica já registrada, superando a de 2005, até então considerada a maior do século. O estudo foi recentemente publicado em artigo na revista Geophysical Research Letters.

Os resultados apontam que o processo teve início no começo do verão, durante o El Niño - um processo natural de aquecimento das águas do Pacífico, mas foi intensificado pelo aquecimento das águas tropicais do Atlântico Norte. O resultado foi uma estação seca que se estendeu por muitos meses, ocasionando alterações no ciclo hidrológico.

Houve rebaixamento dos níveis de água e seca completa de cursos d’água e tributários de rios na Bacia Amazônica. A região sul foi a mais afetada. O fenômeno causou graves problemas socioambientais, especialmente às populações ribeirinhas, que ficaram isoladas por dependerem dos rios para seu deslocamento.

Em outro artigo recém-publicado na revista Theoretical Applied Climatology, pesquisadores do Inpe apresentam os resultados de um amplo estudo sobre as inundações na Amazônia e Nordeste do Brasil, ocorridas de maio a julho de 2009. O fenômeno provocou mortes e deixou milhares de famílias desabrigadas. O trabalho demonstra que essas chuvas torrenciais foram as mais intensas e duradouras já registradas.
O Rio Negro, principal tributário do Rio Amazonas, atingiu seu maior nível em 107 anos. Os autores concluíram que o evento foi resultado de uma conjuntura de fatores meteorológicos, especialmente o aquecimento acima do normal das águas superficiais do Atlântico Sul – aspecto importante para a explicação das chuvas abundantes em vastas regiões do leste amazônico e nordeste do País. Destacaram também que esses episódios extremos, assim como a seca duradoura ocorrida no ano de 2010 na Bacia Amazônica, reforçam a hipótese de que anomalias no regime pluviométrico e de temperatura serão mais frequentes em cenários futuros de mudanças climáticas.

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