Dados do Censo 2010 divulgados nesta quarta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que os indígenas estão presentes em 80,5% dos municípios brasileiros, um total de 4.480 cidades. Em 2000, os indígenas estavam presentes em 63,5% dos municípios brasileiros. Nos dez anos, a população indígena cresceu 11,4% e atingiu o número de 817 mil pessoas em 2010, representando 0,4% do total da população brasileira.
Segundo a pesquisadora Nilza Pereira, do IBGE, ainda não é possível explicar o motivo dessa maior distribuição dos indígenas pelo País. Uma das hipóteses é o fenômeno conhecido como “etnogênese” ou “reetinização”: povos indígenas reassumindo e recriando as suas tradições, após terem sido forçados a esconder e a negar suas identidades.
Os resultados do Censo 2010 revelaram, em relação a 2000, um ritmo de crescimento anual de 1,1% para a população indígena. Em números absolutos, a maior população indígena do País reside no Amazonas: 168,7 mil pessoas, ou 20,6% da população indígena do País. A menor está no Rio Grande do Norte: 2,5 mil, ou 0,3%.
Apenas seis unidades da Federação registraram, em 2010, mais que 1% de população autodeclarada indígena. Por outro lado, 13 unidades da Federação apresentaram percentuais de população indígena abaixo da média nacional (0,4%).
No período entre 2000 e 2010, o Acre teve um crescimento da população indígena de 7,1% ao ano, seguido da Paraíba (6,6%) e Roraima (5,8%) ao ano. A região Norte se mantém na liderança, em 2010, com 37,4% de população indígena.
O município de São Gabriel da Cachoeira, no noroeste do Amazonas, é o município com maior número de indígenas: 29 mil. Já Uiramutã, em Roraima, é o município que tem maior percentual de indígenas: 88,1% da população.
O crescimento da população indígena foi percebido apenas nas zonas rurais, chegando a 152 mil pessoas, totalizando 502 mil em 2010. Em dez anos, o incremento foi 3,7% ao ano, destacando a elevada taxa de crescimento de 4,7% ao ano da região Nordeste. A região Norte também se tem o maior percentual de população indígena na área rural, 48,6%.
Na área urbana, houve redução, correspondendo a uma redução de 68 mil pessoas em todo o País, chegando a 315 mil em 2010. O decréscimo atingiu todos os estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste, com exceção do Mato Grosso do Sul. O Sudeste concentrava 36,7% da população em 2000, mas o Nordeste passou a ter o maior contingente de indígenas em domicílios urbanos em 2010, com 33,7%.
O maior declínio populacional relativo foi registrado no Rio de Janeiro: -7,8% ao ano, correspondendo a cerca de 20 mil pessoas. São Paulo é a cidade com o maior número de indígenas vivendo em zona urbana: 11,9 mil pessoas. Na avaliação do IBGE, as pessoas deixaram de se classificar como indígenas na área urbana podem não ter afinidade com seu povo de origem.
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