O levantamento
feito pelo programa Todos pela Educação e pela Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas (Fipe), com base em dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), divulgou que mais da metade (51,45%) dos
adolescentes de 14 anos do País já têm escolaridade superior à de suas
mães. Entre os jovens dessa faixa etária, 71% cursam os três últimos
anos do ensino fundamental e 9,5% estudam no ensino médio. Os dados
indicam uma baixa escolaridade das mães de alunos dessa faixa etária que
apresentam, em média, 7,32 anos.
“Nós temos
muitos pais e mães que são muito jovens e eles já são fruto dessa
inclusão recente que o País promoveu. A melhoria ainda é lenta, mas o
fato é que quanto mais avançado é o ano em que a criança nasceu, maior é
a chance que ela tem de completar o ensino médio”, explica a diretora
executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.
Os dados também
apontam a diferença de escolaridade entre famílias de alunos de escolas
públicas e privadas. Enquanto, aos 14 anos, 60% dos estudantes da rede
pública já atingiram a escolaridade de suas mães, na rede privada o
percentual cai para 10%. Isso indica que as mães dos alunos dos
estabelecimentos particulares têm escolaridade mais elevada. O mesmo
cenário se repete na comparação entre famílias mais pobres e mais ricas.
A diferença
entre os anos de estudo de pais e filhos também pode representar um
obstáculo no desempenho do aluno. Pais menos escolarizados em geral se
sentem despreparados para participar da vida escolar do filho. “Ele se
sente acuado, acha que não pode ajudar e se envolver com os estudos do
filho. Mas o importante é que a educação seja valorizada pela família,
que ele seja um parceiro da escola para garantir que seu filho de fato
aprenda”, pondera Priscila.
Entre
estudantes negros de 14 anos, o percentual daqueles que estudaram mais
do que suas mães é 56,33%, enquanto entre os brancos a taxa é quase 10
pontos percentuais menor. Segundo a a diretora executiva do Todos pela
Educação, o dado indica que além do fator renda, há uma diferença de
escolaridade entre mães negras e brancas - o primeiro grupo frequentou
menos a escola do que o segundo.
A mesma
desigualdade se verifica entre as regiões do País, enquanto no Sudeste
menos da metade (47%) dos alunos de 14 anos atingiu a escolaridade de
suas mães, no Nordeste esse grupo representa 58% da população nessa
faixa etária.“A parte mais cruel da educação brasileira é a
desigualdade. Em vez de ser um meio de superação, ela acaba reproduzindo
e ampliando esse fosso”, avalia a diretora.
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