sábado, 18 de fevereiro de 2012

Papa nomeia 22 novos cardeais, entre eles um brasileiro

Cardeal brasileiroO papa Bento XVI nomeou neste sábado na Basílica de São Pedro 22 novos cardeais, entre eles um brasileiro, convocando-os a renunciar à "vida mundana do poder e da glória" depois das tensões que sacodem o Vaticano pelo clima de intrigas e suspeitas internas.

"O serviço a Deus e aos irmãos, o dom de si: esta é a lógica que a fé autêntica imprime e desenvolve em nossa vida cotidiana e que não é, por sua vez, o estilo mundano do poder e da glória", advertiu o Papa aos novos cardeais, entre eles o brasileiro João Braz de Avis, arcebispo emérito de Brasília e único latino-americano entre os 22 nomeados.

"Pede-se que sirvam à Igreja com amor e vigor, com a transparência e sabedoria dos mestres, com a energia e a força dos pastores, com a fidelidade e o valor dos mártires", disse o pontífice.

O Papa, que evitou explicitamente falar do mal-estar gerado em alguns setores católicos pela divulgação de notícias com cartas e documentos secretos internos sobre as intrigas e suspeitas dentro das instâncias do Vaticano, lembrou que tem a cargo "uma tarefa delicada".

Com suas vestes vermelhas, em homenagem ao cor do sangue derramado para defender a Igreja, os novos cardeais receberam emocionados o barrete vermelho cardinalício das mãos do pontífice durante a celebração, transmitida ao vivo pelos canais de televisão do Vaticano.

A cerimônia foi acompanhada pelo primeiro-ministro italiano, Mario Monti, assim como por várias delegações estrangeiras, entre elas vários ministros da Espanha e do Brasil.

O Papa entregou o chapéu (gallero) e o anel cardinalício - que simboliza a fidelidade à Igreja até o martírio - a 16 europeus, dois americanos, um canadense, um indiano e um chinês, além do brasileiro.

Entre os designados estava o espanhol Santos Abril e Castello, de 76 anos, arcebispo da basílica romana de Santa María la Mayor, assim como os arcebispos de Nova York, Praga, Hong Kong e Toronto.

A decisão de nomear um número elevado de cardeais italianos, a maioria deles importantes funcionários da Cúria Romana, o governo central da Igreja, gerou críticas e debates.

Não se descarta que o pontífice convoque outro consistório durante este ano, já que mais de dez cardeais superarão a fatídica idade de 80 anos, perdendo o direito de votar no conclave.

Um bom número de arcebispos a cargo de cidades importantes, entre elas Santiago do Chile, Bogotá, Los Angeles e Manila esperam a designação, já que o cargo costuma ser tradicionalmente ocupado por um cardeal.

Com a chegada dos novos cardeais, o Colégio Cardinalício ficará formado por 213 deles, dos quais 125 com direito a votar em caso de eleição do Papa.

A América Latina, com 46% dos católicos do mundo, passa a contar com 32 cardeais, dos quais 22 são eleitores, entre eles seis brasileiros e quatro mexicanos.

Os europeus continuam ostentando uma ampla maioria com 67 cardeais, entre eles seis alemães, cinco espanhóis, quatro franceses e quatro poloneses. A África conta com 11, a Ásia com 9 e a Oceania com um.

"Reconhecemos o valor da Europa, mas deve baixar seu olhar do alto e ser mais fraternal com os demais continentes", comentou à imprensa o novo cardeal brasileiro, Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada.

Na véspera, cerca de 150 cardeais do mundo inteiro se reuniram com o pontífice para falar dos desafios envolvidos em uma nova evangelização.

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